O Distrito Federal é a unidade da federação com maior índice de saúde financeira, segundo levantamento realizado pelo aplicativo de controle financeiro GuiaBolso.
O app avaliou as contas de 16.606 usuários em abril deste ano para chegar ao resultado do ranking.
A pontuação no índice foi obtida a partir da análise de três critérios: fluxo de caixa, que mede a diferença entre as entradas e saídas mensais das contas correntes dos usuários, sendo que quanto mais dinheiro sobrar maior a pontuação; cheque especial, cuja pontuação é maior quanto menos utilizada for a linha de crédito; e investimentos, que avalia a quantidade de aplicações financeiras realizadas. Para cada uma das variáveis o usuário recebe uma nota e o resultado final, que varia entre zero e 700, é obtido a partir da somatória entre os três critérios. Confira, na tabela a seguir, as faixas de classificação dos resultados.
Classificação | Nota |
---|---|
Saúde exemplar | 607 – 700 |
Saudável | 490 – 606 |
Febril | 406- 489 |
Doente | 191 – 405 |
UTI |
E agora veja o resultado completo do levantamento. A tabela foi ordenada de acordo com o índice de saúde financeira geral, de forma decrescente (da maior para a menor pontuação).
Estados | Saúde Financeira Geral | Fluxo de Caixa | Investimento | Cheque Especial |
---|---|---|---|---|
DF | 464 (febril) | 135 | 96 | 232 |
PE | 453 (febril) | 144 | 92 | 217 |
RJ | 453 (febril) | 146 | 83 | 225 |
AL | 451 (febril) | 133 | 90 | 227 |
PR | 451 (febril) | 142 | 82 | 227 |
SC | 448 (febril) | 134 | 90 | 225 |
BA | 448 (febril) | 131 | 84 | 233 |
MG | 444 (febril) | 139 | 80 | 226 |
PI | 441 (febril) | 153 | 74 | 214 |
CE | 441 (febril) | 139 | 74 | 227 |
PA | 435 (febril) | 132 | 79 | 225 |
SP | 431 (febril) | 140 | 67 | 226 |
RS | 428 (febril) | 133 | 73 | 223 |
PB | 428 (febril) | 146 | 63 | 220 |
MS | 415 (febril) | 140 | 86 | 193 |
MT | 412 (febril) | 140 | 59 | 220 |
MA | 411 (febril) | 112 | 71 | 227 |
GO | 405 (doente) | 132 | 59 | 216 |
RN | 404 (doente) | 123 | 88 | 193 |
ES | 398 (doente) | 122 | 48 | 227 |
RO | 394 (doente) | 130 | 83 | 180 |
TO | 340 (doente) | 101 | 47 | 193 |
RR | 331 (doente) | 123 | 46 | 162 |
SE | 305 (doente) | 97 | 58 | 150 |
AC | 284 (doente) | 72 | 69 | 144 |
AM | 229 (doente) | 69 | 40 | 131 |
Fonte: GuiaBolso/ abril de 2015
Resultados
De acordo com o levantamento, a pontuação média do brasileiro foi de 405 pontos, o que corresponde a 58% da nota máxima, de 700 pontos. Seguindo as faixas de classificação do GuiaBolso, com esta pontuação é possível dizer que população brasileira é considerada “doente” em termos de saúde financeira.
A maioria dos estados foi classificada como febril, boa parte aparece na faixa doente e nenhum estado chegou a entrar nas categorias saudável ou saúde exemplar. Por outro lado, nenhum estado ficou na faixa de classificação UTI.
Uma das conclusões mais importantes da pesquisa foi que 48% dos brasileiros gastam mais do que recebem. Isso explica por que a capacidade de investimento é baixíssima e por que a utilização do cheque especial é alta.
“A saúde financeira do brasileiro está muito ruim. Ainda que alguns estadosestejam um pouco melhores, nenhum está bom. Além disso, existe certa coerência entre a pontuação e a renda da população, mas não é uma relação direta. Estados do Sul e do Sudeste, por exemplo, que possuem maior renda obtiveram pontuação mais baixa do que outros menos ricos”, afirma Thiago Alvarez, sócio do GuiaBolso.
Em sua opinião, as notas refletem que alguns estados, mesmo com menor renda são mais disciplinados financeiramente, o que explica o fato de muitos estados estarem à frente de São Paulo, que tem o maior Produto Interno Bruto (PIB) dentre as 27 unidades federativas do país.
Ao comentar a pontuação obtida pelo Distrito Federal, por exemplo, que teve a maior nota do ranking, Alvarez afirma que a alta renda da população teve, sim, influência sobre o bom resultado, mas ressalta que os usuários da unidade federativa se destacaram mais pela realização de investimentos e baixa utilização do cheque especial do que pela sobra de dinheiro no orçamento, que seria um fator mais diretamente ligado à renda.
“A inflação afetou todos os usuários da base ao longo do ano – algumas categorias de contas residenciais, por exemplo, aumentaram 44%-, mas enquanto alguns estados reagem a isso aumentando o uso do cheque especial, como São Paulo, outros parecem ter menos acesso a esse tipo de crédito, o que influenciou no resultado final”, avalia o sócio do GuiaBolso.
Apesar de algumas regiões possuírem uma população com renda maior que outras e também um número maior de usuários que usam o aplicativo, o departamento de pesquisas do aplicativo ponderou os dados de forma a evitar distorções.
Assim, conforme explica o GuiaBolso, para o cálculo do índice foram selecionados usuários de todas as classes sociais (de A a E) em cada estado do país, sendo que o número de usuários de cada estado e de cada classe foi ponderado de forma a representar a realidade brasileira. Dessa forma, mesmo que no app existam mais usuários das classes A e B, ou de um estado específico, os números representam a realidade brasileira.
Thiago Alvarez destaca que todos os estados tiveram notas muito baixas no critério investimentos, o que mostra que o hábito de fazer aplicações financeirasno Brasil ainda é pouco difundido. Nenhum deles chegou nem perto da metade da pontuação que é considerada saudável.
Ele também conta que em alguns estados, como em São Paulo, a pesquisa mostrou que muitos usuários estão resgatando seus investimentos, o que pressionou ainda mais a nota para baixo.
Alvarez ressaltou ainda que a pesquisa pode ser considerada mais realista do que outras realizadas sobre o tema porque os dados não são obtidos a partir de respostas espontâneas dos usuários, mas sim por meio da análise das movimentações de suas contas bancárias, já que os usuários cadastram suas contas e cartões no aplicativo e as transações são automaticamente registradas pelo app.