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Mulher de Cabral recebia até R$ 300 mil de propina em escritório, segundo MPF

Investigadores relatam em denúncia que a advogada Adriana Ancelmo recebeu emissário 19 vezes entre 2014 e 2015. Pagamentos eram levados em uma mochila para escritório de advocacia no Rio.

 

Semanalmente, todas as sextas-feiras, a advogada Adriana Ancelmo, mulher do ex-governador Sérgio Cabral, recebia em seu escritório, no Centro do Rio de Janeiro, uma mochila cheia de dinheiro. Os valores variavam entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. De acordo com a Força-Tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Estado do RJ, esse dinheiro são propinas pagas à organização criminosa que seria comandada por Sérgio Cabral. Adriana Ancelmo foi presa, nesta terça (6), por decisão do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, do RJ.

Os esclarecimentos foram possíveis a partir do depoimento da secretária de Adriana e de fotos obtidas na portaria do prédio onde está localizado o escritório. No local, há fotografias de Luiz Carlos Bezerra. Segundo os investigadores, Carlos Bezerra como é conhecido, era o responsável por recolher a propina junto às empreiteiras , além de estar envolvido no esquema de lavagem de dinheiro junto a joalherias.

O dinheiro da propina entregue à Adriana Ancelmo era usado para pagar as contas do cartão de crédito da ex-primeira-dama ou repassado para os familiares de Adriana ou de Sérgio Cabral. Os investigadores obtiveram o registro de, pelo menos, 19 visitas de Bezerra a Adriana Ancelmo. Além de 98 contatos telefônicos entre eles.

Uma das alegações do juiz, para atender o pedido do Ministério Público Federal e expedir o mandado de prisão de Adriana, é que não faltam pessoas próximas para esconder joias ou auxiliar Adriana a manter os crimes da quadrilha escondidos.

“A permanência de Adriana Ancelmo em liberdade representa evidente risco à ordem pública, sendo grande a probabilidade de que a mesma continuará na prática de ilícitos e persevere na ocultação do produto dos crimes perpetrados contra a Administração Pública”, escreveu o magistrado.

Os advogados de Adriana Ancelmo não foram encontrados para comentar o caso. Em depoimento à Polícia Federal, a ex-primeira-dama disse não ter relação com Luiz Carlos Bezerra.

“Luiz Carlos Bezerra é um amigo de Sérgio Cabral da época da juventude e não tem qualquer relação financeira com a sua família. Não tem conhecimento da razão da existência de contabilidade de Carlos Bezerra (como é chamado) em nome de sua família…”, explicou Adriana Ancelmo à PF.

Os advogados de Sérgio Cabral não retornaram às ligações. O G1 não conseguiu contato com os advogados de Luiz Carlos Bezerra. Adriana Ancelmo foi levada na noite desta terça para o Sistema Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do RJ.

Carlos Bezerra é apontado pelo MPF como operador de Adriana Ancelmo (Foto: Reprodução/MPF)

Carlos Bezerra é apontado pelo MPF como operador de Adriana Ancelmo (Foto: Reprodução/MPF)

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