O médico Alan Roberto Costa Silva, que trabalha na emergência do Hospital Djalma Marques, o “Socorrão I”, criticou prefeituras do interior e o governo do estado devido a situação crítica pela qual passa o hospital do Centro de São Luís. Nesta quinta-feira (13), foram flagrados pacientes lotando os corredores em macas e um homem, com um curativo na cabeça, estava deitado no chão do hospital. A situação é tão grave que o médico informou que quarto pacientes morreram nos corredores esperando por cirurgia, sendo três nessa quarta e um nas primeiras horas de quinta.
O secretário de saúde de São Luís, Lula Fylho, disse que precisa de mais detalhes para poder comentar as três mortes informadas pelo médico.
“Eu não posso falar desses casos isolados, pois não tive acesso ao prontuário. Eu não sei qual foi o caso específico, mas posso falar de uma maneira geral. Nós temos em média 4 mil atendimentos por mês. Se colocar em 30 dias, é possível entender o absurdo de pessoa que a gente atende por dia e, ainda assim pessoas que vem de outras cidades, praticamente todas as cidades do interior do estado. Algumas pessoas saem das suas cidades de noite, esperam o ferry-boat de madrugada para chegar aqui. Ou seja, muitos pacientes passam as vezes 10 a 12 horas de viagem até chegar aqui”, disse o secretário.
O G1 entrou em contato com o governo do Estado e aguarda resposta.
Paciente deita no chão no Socorrão 1, em São Luís — Foto: Douglas Pinto/TV Mirante
Para o médico Alan Silva, a superlotação no Socorrão se dá pelo fato de pacientes de vários municípios do interior do estado serem encaminhados ao hospital.
“O problema dos Socorrões 1 e 2 não é São Luís, mas é sim o interior do estado e mais recentemente um verdadeiro desmonte que o governo do estado está fazendo na saúde, e o município é que está sofrendo as consequências. Estamos à beira, realmente, de um colapso”, disse Alan Roberto Silva.
O médico reclamou da falta de investimento dos prefeitos nos hospitais dos municípios do interior e também de problemas recentes por falta de médicos na rede estadual de saúde também.
“Estamos vivendo um drama muito maior, que é um verdadeiro desmonte que o governo do estado está fazendo na saúde do estado, com demissões em massa de médicos em hospitais de alta complexidade, como o Carlos Macieira (Hospital de Referência Estadual de Alta Complexidade Dr. Carlos Macieira) e em hospitais macrorregionais no interior do estado, por isso está vindo tudo pra cá. Até uma cirurgia de apendicite, que era algo simples que era feita no interior, não é mais, pois onde tinham dois cirurgiões, agora só tem um, e uma operação como esta não pode ser feita só por um, tem que ter um auxiliar, aí vem tudo pra cá”, declarou o médico.
As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) também diminuíram a capacidade de atendimento, de acordo com Alan Roberto Silva.
“As UPAs não tem mais resolutividade nenhuma e encaminham pra cá até cólica menstrual, pois não tem medicamentos, as alas vermelhas vão fechar. Onde tinham três médicos, agora têm dois, e onde eram dois agora só tem um. Então hoje, as UPAs são meros postos de saúde que não resolvem nada. Então tudo que chega lá um pouco mais complexo, eles mandam para o Socorrão I. Vivemos aqui uma situação dramática”, concluiu.
Greve dos vigilantes
Além da falta de infraestrutura, o Socorrão I também está sofrendo com a falta de segurança já que os vigilantes do hospital decidiram entrar em greve nessa quarta-feira (12). De acordo com a categoria, há seis meses a prefeitura não paga a empresa que terceiriza este serviço. A empresa, segundo o Sindicato dos Vigilantes, está há dois meses sem pagar os funcionários. Por conta da paralisação dos vigilantes, atualmente quem está fazendo o monitoramento dos acessos ao hospital são os maqueiros.
FONTE G1