Em depoimento prestado nesta terça-feira (4) à CPI da Pedofilia da Assembleia Legislativa, o padre italiano Giovanne Antônio Garagiola, 70, mais conhecido no Maranhão como Frei João de Deus, negou qualquer envolvimento com a prática de crime de abuso sexual contra adolescentes.
Em 2003, um inquérito policial foi aberto no município de Paço do Lumiar para apurar denúncias, formuladas contra Frei João de Deus, dando conta de que ele teria abusado sexualmente de três adolescentes. Neste ano, o padre respondia pela paróquia da cidade.
Em 2005, a pedido do próprio Ministério Público Estadual, o inquérito policial foi arquivado por falta de provas. Na ocasião, os três adolescentes que haviam formulado as denúncias modificaram seus depoimentos e negaram terem sido vítimas de abuso sexual praticado pelo religioso.
O caso de Frei João de Deus começou a ser investigado pela Comissão Parlamentar de Inquérito depois que um destes adolescentes, hoje maior de idade, e moradores do próprio município encaminharam denúncia anônima à CPI. “Uma das supostas vítimas e moradores da cidade afirmaram que o crime, de fato, aconteceu. Por este motivo, resolvemos convocar o Frei João de Deus para que ele pudesse dar a sua versão sobre esta situação”, explicou a presidente da Comissão, deputada Eliziane Gama (PPS).
Ela fez questão de ressaltar o posicionamento do religioso, que compareceu à CPI para dar esclarecimentos. “A postura do padre foi correta, visto que, ele não se negou a comparecer a esta Comissão para prestar informações”, disse.
Ao negar o crime, Frei João de Deus atribuiu as falsas denúncias formuladas contra ele a um grupo de pessoas, formado por moradores do município, que não gostava da forma como ele trabalhava.
“Talvez, estas pessoas gostassem mais do trabalho do padre Liberato, meu antecessor. Sempre realizei meu trabalho de forma honesta e com o objetivo de cumprir a missão que me foi concedida. Nunca beneficiei ninguém. Tentei organizar a paróquia de Paço do Lumiar da melhor maneira possível, implantando, inclusive, uma escola de música que atendia vários adolescentes. Meu relacionamento com estes adolescentes era somente no horário das aulas de música. Nunca rezei missa com as portas da Igreja fechadas. Estas denúncias não passam de mentiras”, afirmou o religioso, que se colocou a inteira disposição da CPI para ser novamente convocado para prestar esclarecimentos.
DEPOIMENTO DE PREFEITO
O prefeito de Tutóia, Raimundo Nonato Abraão Baquil (PSDB), conhecido no município como Diringa, vai prestar depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito na tarde desta quarta-feira (5). Diringa é acusado de abusar sexualmente de duas adolescentes – uma de 13 e a outra de 14 anos.
O político vai prestar depoimento atendendo a um mandado de intimação expedido pelo juiz da Comarca de Tutóia, Márcio José do Carmo Matos Costa. Presente na audiência da CPI desta terça-feira, o advogado do prefeito, Carlos Sérgio de Carvalho Barros, assegurou que em nenhum momento seu cliente se negou a prestar os devidos esclarecimentos. E garantiu que as denúncias contra Raimundo Nonato não passam de mentiras.
“O prefeito nunca se negou a comparecer à CPI e o fará nesta quarta-feira. Até agora, duas pessoas foram ouvidas pela própria Comissão sobre os casos de prostituição infantil em Tutóia e, ambas, negaram terminantemente qualquer envolvimento de meu cliente”, relatou o advogado.