Passou a fase do heroísmo afirmativo no Senado. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva amansou a bancada do PT, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), acuou o oposição e o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-. AP), vai permanecer no cargo, informa o blog do Josias, no jornal Folha de São Paulo
Segundo o blog, ao final de uma semana em que tentara pôr de pé a tese da inevitabilidade do desarquivamento de uma ação contra Sarney, o petista Aloizio Mercadante prostrou-se.
“Fiquei totalmente isolado. Estou tomando porrada sozinho. Sumiu todo mundo”, desabafou. Mercadante falava a um amigo, pelo telefone. Parecia rendido à evidência de que, no PT, o pior tipo de solidão é a companhia dos companheiros de bancada.
Ideli Salvatti, Delcídio Amaral e João Pedro, os petistas que votam no Conselho de Ética recusam-se a levar adiante os planos de Mercadante e acusam o líder de fazer jogo de cena: sabe que Sarney safou-se, mas faz média com o eleitorado esclarecido de São Paulo.
“O partido tinha apoiado a minha tese. Retirou o apoio. Fiquei numa situação difícil”, Mercadante se lamuriava ao amigo. Ele antevê as manchetes do dia seguinte: “Se o Sarney caísse, a culpa seria minha. Se o Sarney fica, a culpa é do PT”.
O blog informa ainda que, na quarta-feira, o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN), recebeu um telefonema de Renan.
O líder do PMDB, chefe da milícia congressual que quebra lanças por Sarney, pediu um encontro reservado. Agripino o recebeu à noite, em seu apartamento. Renan sondou Agripino sobre os votos do DEM. Ouviu o mesmo que Bornhausen: os “demos” votarão pelo desarquivamento. Perdendo, o partido recorrerá ao plenário.
Segundo o blog, Agripino gere uma bancada cujo ânimo anti-Sarney tem a consistência de um pote de gelatina. Porém, decidido a acomodar todas as culpas no colo do PT, acautelou-se.
Antes de reunir-se com Agripino, Renan foi a Lula e queixou-se de Mercadante. E ouvira palavras tranquilizadoras. O petismo, o presidente lhe assegurara, não abandonaria Sarney.
Na conversa telefônica de ontem, Mercadante acusou o golpe: “O governo veio com a mão pesada pra cima da bancada. Os partidos da base, inclusive o PT, não sustentaram a nossa posição. O PMDB radicalizou. A oposição sumiu do cenário”.