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Barack Obama atribui a eleição Donald Trump de reflexo do medo e frustração no país

Em visita a Atenas, na Grécia, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que a eleição do republicano nofoto-15Trump para sucedê-lo na chefia da Casa Branca é reflexo de uma onda de medo e frustração no país. As declarações vieram na última viagem internacional do seu mandato, em que o presidente busca garantir aos líderes da comunidade internacional que os EUA não abandonarão suas parcerias e obrigações com outros países, apesar da retórica agressiva que Trump adotou durante a sua campanha. Obama realizou uma entrevista coletiva ao lado do primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, em que pediu união dentro e fora do seu país para lidar com desafios globais e evitar divisões de caráter nacionalista ou étnico.

Para acalmar a comunidade internacional, Obama disse, no pronunciamento desta terça-feira, que a relação de EUA e Grécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é da mais alta importância, reforçando seu compromisso com a organização. E ressaltou que o presidente eleito Donald Trump lhe assegurou, no primeiro encontro que tiveram, que apoiava uma Otan forte — contrariando algumas das suas controversas sugestões na campanha presidencial.

Na entrevista coletiva, Obama foi questionado sobre eventuais semelhanças entre os resultados das eleições americanas e do referendo que decidiu, no Reino Unido, pela saída britânica da União Europeia (UE) em junho. Em resposta, o presidente disse que, embora tenham sido votações em formatos diferentes, o Brexit e a eleição de Trump mostram que há uma onda de medo e preocupação no mundo globalizado, em que muitas pessoas parecem estar menos seguras das suas identidades nacionais e do “seu lugar no mundo. E argumentou que isso favorece o surgimento de movimentos populistas em diversos países, incluindo na Europa, e o avanço de candidatos não convencionais, como Bernie Sanders e Donald Trump nos EUA.

— Estas tendências sempre estiveram ali e é trabalho dos líderes tentar abordar as reais e legítimas preocupações das pessoas. Reconheci que havia raiva e frustração na população americana? Claro que sim — disse Obama, em tom mais duro do que vem adotando desde as eleições nos EUA. — O tempo dirá agora se o Brexit ou o resultado das eleições vão realmente satisfazer as pessoas que estão com medo, revoltadas ou preocupadas. Acho que será um teste interessante. (…) Porque eu acredito que estas pessoas que votaram pelo presidente eleito estão melhores hoje do que quando cheguei ao governo. Vamos ver se estes fatos vão afetar os cálculos das pessoas na próxima eleição.

APELO CONTRA DIVISÕES

Além disso, o discurso de Obama foi marcado por um apelo contra as divisões dentro e fora do seu país. E argumentou que é necessário lutar contra o surgimento de tendências nacionalistas ou de exclusão das minorias — citando, como exemplo negativo, o século XX, a que chamou de um “banho de sangue” por conta das divisões, sobretudo, na Europa.

— Nos EUA, sabemos o que acontece quando começamos a nos dividir pela raça, cor ou etnia. É perigoso, não apenas para as minoriais, mas porque não percebemos nosso potencial como país e impedimos que negros, latinos, asiáticos, gays ou mulheres participem do projeto de construir um modelo de vida americano.

Obama também declarou que o mundo precisa de uma Europa forte, que se una para lidar com a crise global de refugiados que atinge duramente a Grécia.

— Uma Europa forte, próspera e unida não é apenas positiva para os povos europeus, mas também para o mundo e para os EUA — declarou Obama a Pavlopoulos, que o recebeu no palácio presidencial. — A Grécia passou por momentos muito desafiadores e dramáticos nos últimos meses. Estamos contentes que progressos estejam sendo feitos, mas reconhecemos que há significativos desafios pela frente. E nós pretendemos ficar lado a lado com o povo grego ao longo deste processo.

O presidente também falou da importância do reconhecimento mundial para a compaixão humanitária grega e a maneira que o país vem gerindo a crise de refugiados. É importante para o governo grego buscar reconhecimento pelo seu papel neste cenário. Centenas de milhares de refugiados já passaram pela Grécia no seu caminho aos países mais ricos do Norte europeu.

— É importante que não deixemos um único país levar todo o peso de um desafio como este — complementou Obama.

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